Caminho Ancestral

Descrição

VESTÍGIOS Nesta escrita-parto, a memória me trouxe alguns conceitos que de certa forma me permeiam, seja no viver como no fazer. Lembrei-me do Butô e de Takao Kusuno, com quem convivi por alguns poucos anos, por conta do trabalho do meu marido como integrante da Companhia Tamanduá de DançaTeatro. A convivência com Takao foi tão marcante e intensa que transformou minha forma de ver e entender a dança, o teatro e, consequentemente, a vida. Tal como um mestre, não havia a separação vida e arte: um remendo de botão ou varrer as folhas do jardim eram tão importantes como horas de ensaio. Os conceitos eram passados de forma sutil, aberta, e, mesmo eu que não dançava diretamente, fazia parte de tudo. E estes conceitos se tornaram parte de mim, mesmo que eu não soubesse nomeá-los. Quando ele morreu, herdamos uma pequena biblioteca de livros especiais. E hoje, quase 18 anos depois, reencontrei alguns que na época me chamaram a atenção e hoje servem perfeitamente para me auxiliar nesta escrita. O primeiro que resgatei não veio da herança de Takao, mas como consequência de sua importância, a partir da pesquisa de Cristine Greiner sobre o butô (1998), dança que Takao trouxe ao Brasil nos anos 70.