por Michaella Pivetti
(Fig. 1. “Escorrega”, projeto de Mariamma Fonseca Santana, no Curso Fantasia e Design nos Livros ilustrados, de Michaella Pivetti)
No final do ano passado (o fatídico ano de 2020), com uma turma “pioneira”, em parceria com A Casa Tombada e a educadora Camila Feltre, comecei a construção de uma espécie de “laboratório da fantasia” — não para fugir da realidade, embora isso, para alguns, possa soar como uma proposta bem atraente — mas, ao contrário, para tomar consciência das potencialidades estéticas do pensar/fazer, de como construir coisas novas por meio de “ideias estéticas”: formas criativas de narrar, de provocar o riso, de olhar para os objetos, para as pessoas, seus hábitos, peripécias e outras balbúrdias. Tudo isso com o propósito de chegar nos livros, aqueles que nos encantam e aqueles que queremos ver nascer. Mas o que é novo — perguntará, neste ponto, o leitor — novo para quem? Ou, novo em relação a que? No curso, descobrimos como a chave desta questão está em mudar de lugar, deslocar-se, e é com esta percepção do deslocamento, antes nosso e depois provocado nos outros, que começa o trabalho da fantasia: cada proposta estética planejando o “novo” a partir deste movimento de mudança.
Fig. 2. “Pêixaro”, projeto de Sandra Moreira, no Curso Fantasia e Design nos Livros ilustrados)
A partir de um primeiro exercício disparador, entre exposição, leitura, aula, conversas, foram lançadas as primeiras ideias de projeto. Será que a ilustradora Lúcia Hiratsuka irá produzir uma graphic novel para adolescentes (ou talvez adultos)? Peraí, “Volto logo”: vou lá perguntar a ela… E o Marcelo Pimentel: será que vai brincar com o leitor em seu “Roteiro para um livro ilustrado”, terminando a sátira que inventou sobre um lobo “meio pirado”? A Marcia vai querer chorar ou rir quando entrar pela porta da poesia? E Mariamma vai ajudar os outros a desenharem suas histórias? Tudo isso vamos descobrir, ou em futuras produções editoriais que aparecerem no mercado, ou dando continuidade a estes projetos no “laboratório da fantasia”, enquanto abrimos portas para a entrada de novas propostas.
Texto, imagem ou design: seja qual for a linguagem de partida de cada autor-artista, para quem quiser desenvolver um projeto narrativo novo ou retrabalhar propostas engavetadas, atenção à segunda turma desta jornada: o curso vai começar em breve!
(Fig. 3. “Sem título”, projeto de Marcia Cristina Silva, no Curso Fantasia e Design nos Livros ilustrados)