Nasci na localidade Vereda, no município de São Raimundo Nonato, estado do Piauí, em uma pequena casa de taipa. Coberta com telhas e com paredes de barro, feita pela minha mãe e minha tia Maria, a única irmã de meu pai, e chão batido, durante uma noite escura, “pelas mãos” da parteira conhecida como Mãe Joana e de minha avó Luiza.

Embora a maior parte das mulheres do interior, naquela época, tivesse seus filhos assistidas por parteiras, o cenário de parto em casa, feito com auxílio de parteiras, configurava o quão necessitadas e desassistidas eram as mulheres pobres do interior.

Minha mãe não teve um parto muito fácil e passou por momentos que precisavam de mais cuidados. Contam que a parteira e a minha avó foram cuidar primeiramente dela e me deixaram no chão, sobre uma esteira de palha e ao me pegarem eu estava roxa, com muito frio e, consequentemente, fiquei muito doente. Começava ali o meu primeiro desafio de sobrevivência.

As complicações davam sinais de que era difícil uma criança sobreviver naquela situação, visto que o atendimento médico e hospitalar era muito difícil e distante, já que morávamos no interior e sem acesso a quase nada.

No início fui tratada com remédios caseiros os quais não surtiram efeito. Após chorar três meses dia e noite, meus pais me levaram ao médico em São Raimundo Nonato, dois dias de viagem em animais. Segundo os relatos de meus pais, contrariando as expectativas negativas de sobrevivência que já se configuravam entre os familiares e conhecidos, sobrevivi.

A origem do meu nome deu-se em função dessa situação, pois para muitos eu não sobreviveria. Foi baseado nas crenças populares, que sugeriram o nome de

Luiza, pois acreditavam que esse é um nome de guerreira e que, assim, eu lutaria pela vida.

Como você pode ler, trago aqui um memorial descritivo que relata fatos da minha trajetória pessoal, familiar, acadêmica e profissional, dentro de um contexto histórico e sócio-cultural.

Neste trabalho de conclusão de curso procurei descrever um pouco do meu percurso de vida construindo pontes com a minha prática de contadora de histórias. Convido você a adentrar nesse meu relato pessoal que, tenho certeza, pode abrir caminhos a muitos outros relatos: