Língua-chão, por Kellen Lima

 

 

Num momento de distração e espanto

um seco e sonoro “bah” saltou da minha boca.

Um território invade um corpo pela língua, 

uma língua faz território.

Como um corpo consegue encontrar palavras pra dizer de si sem um território?

Como um território existe, resiste, re -existe sem palavras?

Se deus é gaúcho de bombacha, espora e mango esse é meu rezo:

Chimarrão

Mate

Barbaridade

Bergamota

Guria

Gaudério

CTG

Capaz

Xis

Entrevero

Pila

pinhão

É de cair os butia do bolso

Cusco

Cacetinho

Peleia

Tunda

Atucanada

 

Amém

 

 

Escute aqui o poema na voz da autora:

Kellen Lima é mineira radicada no sul e criou a ação chamada “Pílulas poéticas para atravessar dias difíceis”, na qual envia poemas para as vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul. Se você quiser colaborar enviando poemas, áudios, imagens, vídeos poéticos, escreva para: blogdacasa@acasatombada.com. Parteira de palavras, Kellen exerce o ofício de psicóloga e psicanalista escutando pessoas se parirem pela língua. Aluna do curso de pós-graduação Gestos de escrita como prática de risco d’A Casa Tombada.

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