Sobre o Ciclo
III Ciclo de estudos: Que coisa incrível é um livro!
curadoria de Cristiane Rogerio e Ananda Luz
Foi nos anos 1980 que o astrofísico estadunidense Carl Sagan disse esta frase em seu programa Cosmos, uma produção voltada a explicar ciência que era exibida aqui pela Globo, aos domingo, após o Fantástico, no episódio A Persistência da Memória. Ele nos conta que no processo de evolução, quando os genes não mais conseguiam armazenar toda a informação necessária para a nossa sobrevivência, “inventamos” o cérebro. E quando o cérebro também não era mais suficiente, criamos uma “memória pública”: a biblioteca. (Veja mais aqui na carta que Cristiane Rogerio e Ananda Luz, curadoras do ciclo).
Todos conectados ao amor ao livro vão se emocionar com esta frase de Sagan à sua maneira. E é justamente esta a proposta do ciclo: como cada um dos 15 convidados manifestam suas próprias relações com o livro como objeto, a partir de seus estudos e práticas em companhia dele, sob a liberdade de borrar fronteiras entre os conceitos de literatura, leitura e infâncias. Todas e todos de alguma maneira, estão envolvidos com as questões do incentivo e do direito à leitura, permeando atuações e pesquisas nas áreas da criação,da circulação e da mediação de livros. Nesta primeira edição, teremos autoras e autores, editores, mediadores de leitura, livreiras e todas e todos pesquisadores das relações entre livro, leitura e literatura. As curadoras Cristiane Rogerio e Ananda Luz, coordenadoras do curso de pós-graduação O Livro Para a Infância – processos contemporâneos de criação, circulação e mediação (veja mais sobre ele aqui) finalizarão o ciclo para que possamos costurar esta diversidade em torno do assunto.
Para aumentar ainda mais este momento de celebração, no meio do ciclo, em 18 de julho, faremos uma pausa para comemorar os 8 anos d’ A Casa Tombada, em uma cerimônia transmitida pelo nosso canal no Youtube.
E para você, por que o livro é um objeto incrível? Venha conosco para esta conversa!
QUEM ESTARÁ CONOSCO? O QUE VAMOS ESTUDAR?
Dia 1 – O que pode um livro e o que pede um livro? Com Edith Derdyk
17/7, segunda-feira, das 19h30 às 21h30
Sobre o encontro: Livro de artista, livro-objeto, obra-livro são experiências relativamente recentes no cenário artístico brasileiro. Segundo a artista Edith Derdyk, “o livro, tal como o reconhecemos hoje em sua forma, função e realidade tecnológica, sinaliza um outro território poético quando se pensa nele como suporte experimental. As possibilidades formais que se entreabrem a partir da investigação do livro como objeto poético desenham um arco extenso de experimentações, congregando o conhecimento artesanal aos processos industriais, potencializando a mixagem de várias linguagens e modalidades de registros visuais e literários, multiplicando a descoberta de estruturas narrativas dadas pelos entrelaçamentos inusitados entre a palavra e a imagem.” É sobre este “modo de produção do livro-objeto e livro de artista” que Edith vem conversar conosco. “Originariamente se apresenta como objeto único e, simultaneamente, quando posto em perspectiva de escala industrial, contém a possibilidade da multiplicação, sem perder a natureza singular de sua poética nos faz enunciar que são produções que podem contemplar um livro único ou uma tiragem de 1000 exemplares – entre ser um e ser mil.” E nós iremos entrelaçar aos outros e outros e outros modos a seguir.
Sobre a convidada: Edith Derdyk tem realizado exposições coletivas e individuais desde 1981 no Brasil e no exterior. Tem sido contemplada com prêmios e bolsas, entre estes: 2022 Pollock Krasner Foundation Grant; 2017 título Doctora Honoris Causa_17 Instituto Estudios Críticos Cidade do México. Autora dos livros: Da língua e dos dentes Ed.Urutau; A pesar, a pedra Ed.Patuá; Edith Derdyk – 1997/2017 Edições A; Entre ser um e ser mil – o objeto livro e suas poéticas (organizadora) Senac; Disegno.Desenho. Desígnio (antologia), Senac; Linhas de Horizonte: por uma poética do ato criador Ed.Escuta; Linha de Costura_C/Arte; Formas de pensar o desenho Ed.Panda entre outros. Autora /ilustradora de vários livros infantis, como Porta da Terra Ed.PandaBooks, Todo mundo tem Ed.Hedra; Rato Ed.Cosac&Naify, coleção Folia de Papel_Ed.Jujuba, O colecionador de PalavrasEd.34 ; Fábulas; Alegorias; Adivinhações, Ed.SM; Coisa com Coisa Ed.Move, entre outros. Letrista de algumas canções do Palavra Cantada, como Pomar, Ora Bolas, Rato, O que é o que é, Trilhares e outras; parceira do espetáculo Catopleia –alegorias musicais, com Luz Marina (letras e concepção visual). Atualmente coordena a Pós Graduação Lato Sensu “Caminhada como método para Arte e Educação” na A Casa Tombada, onde também é professora do curso de pós-graduação O Livro Para a Infância. Mais em: https://issuu.com/livroedithderdyk/docs/livro_edith_derdyk e http://cargocollective.com/edithderdyk
Dia 2 – O livro como um jogo de linguagem entre autores e crianças
Com Eva Furnari
19/7, quarta-feira, das 19h30 às 21h30
Sobre o encontro: Eva Furnari é uma das autoras mais presentes nas prateleiras das infâncias brasileiras, desde as histórias diversas com a Bruxinha, até os inesquecíveis Felpo Filva, a Família Gorgonzola e o mundo dos Drufs. Reconhecida pelo tom de humor na criação de personagens e situações inusitadas a partir de excentricidades deles, Eva conversa com as crianças sobre muitos assuntos de nossa sociedade de um modo muito particular. Seria um idioma especial?
Sobre a convidada: Eva Furnari nasceu em Roma, na Itália, em 1948. Veio para o Brasil com quase 2 anos e desenha desde bem pequena. Conta que começou com homens palito e depois colocou roupas neles, pois, eram muito magrelos. Fã do artista plástico suíço Paul Klee e do cartunista Saul Steinberg, fez a Faculdade de Arquitetura (FAU) da USP nos anos 1972 já criando seus desenhos. Deu aulas de artes no Museu Lasar Segall e, conhecendo o mercado de literatura infantil do Brasil, criou a famosa Bruxinha, primeiramente para tiras no jornal Folha de S. Paulo e, depois, para os livros. Passando por diferentes fases em sua carreira, passou de criadora de histórias só com imagens a inclusão de jogos verbais e, posteriormente, histórias com mais texto. Hoje, em seus mais de 70 livros publicados, temos formatos variados de suas obras, mas com o humor sempre em primeiro lugar.
Dia 3 – O livro ilustrado como um território de criação: como chegam os “novos” autores do gênero
Com Odilon Moraes
20/7, quinta-feira, das 19h30 às 21h30
Sobre o encontro: Convidamos Odilon Moraes, um dos autores e pesquisadores de livros ilustrados mais importante do Brasil, a falar sobre o impacto da nova geração de autores deste gênero híbrido em que texto, imagem e design dialogam intrinsecamente para narrar uma história. No entanto, no Brasil, o termo e o entendimento deste tipo de livro começa a ser mais estudado nos anos 2000 para cá. Que diferença faz já ter consciência deste território de criação? Por que ele ainda enfrenta obstáculos nas áreas da circulação e mediação em nosso país?
Sobre o convidado: Odilon Moraes é graduado em arquitetura pela USP, iniciou na literatura em 1990 como ilustrador e depois lançou diversos livros como autor. Recebeu quatro prêmios Jabutis pelas imagens de A Saga de Sigfried, em 1994; O Matador, em 2009; Lá e Aqui, em 2016 e Teleco, O Coelhinho, 2017. No ano de 2014 entrou para a lista de honra do International Book Board for Youth (IBBY). Desde de 2005 ministra palestras, oficinas e escreve artigos sobre a história e o conceito do livro ilustrado em instituições como o Instituto Tomie Ohtake, Fundação Lasar Segall, Instituto Europeu di Design (Brasil), SESC e, mais recentemente, o Instituto Vera Cruz e a UNICAMP. Em 2018, recebe o Troféu Monteiro Lobato de Literatura Infantil, um destaque oferecido pela Revista Crescer (Editora Globo) e, com o livro Rosa (Editora Olho de Vidro), vence o Prêmio FNLIJ 2018 nas categorias melhor livro para criança e melhor ilustração e entra novamente para a lista do selo White Ravens, da biblioteca alemã em Munique, junto ao Lá e Aqui, que criou com Carolina Moreyra, assim como a coleção Bia e o Elefante (Ed. Jujuba), Entrevistas (Moderna) e, o mais recente, Lá Longe (Pequena Zahar). É professor do curso de pós-graduação O Livro para a Infância n’A Casa Tombada.
Dia 4 – Um olhar de um editor: como os estudos do livro ilustrado no Brasil mudam o olhar para a literatura dedicada à infância
Com Augusto Massi
21/7, sexta-feira, das 19h30 às 21h30
Sobre o encontro: o editor, escritor e professor de literatura Augusto Massi envolve-se com as questões que entrelaçam livros para a infância e livros ilustrados (o gênero) em sua passagem pela extinta Editora Cosac Naify. Em sua gestão o catálogo vive transformações cruciais que afetam o olhar para a literatura para a infância e o papel da imagem nos livros, dando mais ênfase a trabalhos de autores e editoras que já atuavam sobre esta perspectiva no Brasil. Massi vem contar um pouco destes bastidores e conversaremos com ele como os estudos teóricos foram afetados no Brasil.
Sobre o convidado: Augusto Massi é professor de Literatura Brasileira na USP. Como poeta publicou Negativo (Companhia das Letras), Vida Errada (7 Letras), Gabinete de Curiosidades (Coleção Luna Parque) e Borra (Tipografia). Com Daniel Kondo, é autor de Monstros do Cinema (Sesi-SP) e organizou a antologia Os Sabiás da Crônica (Autêntica), onde explicita mais uma vez sua paixão pelo gênero. De 2001 a 2011 cuidou dos projetos editoriais da extinta Editora Cosac Naify, onde, segundo ele disse em 2021 ao jornal Estado de Minas, “havia um propósito de articular o catálogo infantil com os livros de arte, os livros de antropologia com os de fotografia, os de arquitetura. A ideia era ampliar os territórios do livro, fazer o leitor compreender a materialidade deste objeto: expor as lombadas costuradas e coladas, fazer o leitor sentir a gramatura e a textura do papel, jogar as páginas tradicionais de abertura (todo aquele esqueleto de ficha catalográfica, páginas de créditos fossem para o final e que o leitor penetrasse logo naquele cinema de imagens e palavras)”.
Dia 5 – Caminhos do design: os “nãos” limites do modo de se fazer livros
Com Raquel Matsushita
22/7, sábado, das 9h às 11h
Sobre o encontro: Raquel Matsushita é uma das designers mais requisitadas no mercado de livro para a infância e livros ilustrados no Brasil. Trabalha com diversas editoras e dentro de cada uma é capaz de criar projetos diferentes, mas sempre a partir de um premissa que ela repete nas aulas aqui n’ A Casa Tombada: “É o livro que fala para mim ‘me faz assim’. Eu ouço o livro”. É sobre esse borrar de fronteiras e conceitos que ela vem falar das relações com esse fazer, tanto como em suas parcerias como nas criações autorais.
Sobre a convidada: Raquel Matsushita é designer gráfico, ilustradora e escritora. Sócia do escritório Entrelinha Design, graduou-se em Publicidade e Propaganda pela Universidade Metodista de São Paulo e se especializou nos cursos de design gráfico, cor e tipografia na School of Visual Arts de Nova York. Trabalhou nas editoras Abril e Globo. Recebeu o prêmio internacional Image of the book (Bologna Book Fair) em 2021 e 2020, com os livros Desaforismos (Maralto Edições) e Mínimo múltiplo comum (Sesi-SP Editora), respectivamente. Recebeu por duas vezes o Prêmio Jabuti, possui livros premiados e selecionados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – fnlij, Prêmio Literário da Biblioteca Nacional, Selo Cátedra PUC/Unesco, Catálogo FNLIJ de Bolonha, PNBE/MEC, PNLD, Bienal Brasileira de Design Gráfico – adg, entre outros. Autora do livro Fundamentos gráficos para um design consciente (Musa Editora) e de sete livros para infância, entre outros que ilustrou. Mais em: www.entrelinha.art.br
Dia 6 – Somos grandes ou pequenos?: como o livro para a infância movimenta o mercado e a circulação entre editoras e livrarias independentes
Com Paulo Verano
24/7, segunda-feira, das 19h30 às 21h30
Sobre o encontro: O mundo das editoras independentes tem um lugar especial no que chamamos de mercado da literatura para a infância ou literatura infantojuvenil. É como se no “pequeno” pudesse se arriscar-se mais. Seria esta impressão correta? É sobre isso que vamos conversar com o editor Paulo Verano que, à frente das Edições Barbatana e pesquisador da área, vem nomeando e colocando no mercado uma produção que está de olho nos chamados “clássicos”, como Beatrix Potter e Wanda Gág, mas também em autores novos e inventivos da exploração do livro como objeto.
Sobre o convidado: Paulo Verano é doutor e mestre em Ciência da Informação pela ECA-USP, onde atua como pesquisador. Trabalha como editor desde 1993, tendo sido diretor editorial do Grupo Planeta e gerente editorial de Literatura e Paradidáticos das editoras Ática-Scipione (Grupo Somos Educação), entre outras funções desempenhadas. Em 2015, quando saiu do Grupo Somos Educação, decidiu aventurar-se no mercado editorial independente, lançando com a designer Angela Mendes a sua própria editora de livros, a Edições Barbatana, que publica livros para crianças, jovens e adultos — tanto clássicos, como livros-objeto de autores contemporâneos.
Dia 7 – Território de Leitura: as livrarias e suas extensões.
Com Julia Souto e Tereza Grimaldi
25/7, terça-feira, das 19h30 às 21h30
Sobre o encontro: Julia Souto e Tereza Grimaldi eram colegas no campo da atuação e estudos da educação e, em 2021, realizaram o sonho de abrir a Livraria Miúda, no bairro da Pompeia, na zona oeste de São Paulo, totalmente dedicada aos livros para a infância. Neste encontro, elas nos convidarão a pensar sobre o espaço da livraria como um território, a partir da noção de território enquanto produto da apropriação/valorização de um grupo em relação ao seu espaço vivido. Enquanto lugar de encontro em torno da criação intelectual, do patrimônio escrito, das experiências estéticas, este território se constitui como poético e político. A partir de relatos da nossa experiência como fundadoras e gestoras da Miúda, abordarão conceitos como bibliodiversidade, infância e cidade e construção de acervo e curadoria.
Sobre as convidadas: Julia Souto Guimarães Araújo, pedagoga pela USP e cursou a pós-graduação O Livro Para a Infânca, n’A Casa Tombada. Atuou como professora na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I e por mais de 10 anos na coordenação de Educação Infantil. Hoje é sócia-proprietária da Livraria Miúda. Tereza Grimaldi tem formação em artes visuais e pedagogia e atuou por vários anos em educativos de museus de São Paulo e em escolas de Ensino Infantil e Fundamental, como professora e ateliêrista. Atualmente é sócia-proprietária da Livraria Miúda.
Dia 8 – Lugar da palavra: a biblioteca e suas possíveis moradas
26/7, quarta-feira, das 19h30 às 21h30
Com Magno Rodrigues Faria
Sobre o encontro: A biblioteca é morada de quem? É espaço público para quem? Quem entra, quem fica e quem pode retornar? Ela é morada dos livros e seus mundos possíveis? Ou será que na biblioteca habita todas as formas de existências? Há lugar para todas as formas de materialização da palavra: a escrita, a falada, a desenhada, a bordada… a palavra ecoada nas vozes e corpos de muitas pessoas, a palavra vivida. Este encontro é um convite para dialogarmos sobre as muitas possibilidades da biblioteca ser morada de todas as pessoas.
Sobre o convidado: Magno Rodrigues Faria. Filho de Guaianases, é pedagogo formado pela Faculdade de Educação da USP com experiências nas redes pública, privada e do terceiro setor. Possui especialização em ” Arte de Contar Histórias – Abordagens poética, literária e performática” pela A Casa Tombada. Foi supervisor de educadores na Bienal de Artes de São Paulo e educador de artes pelo Instituto Tomie Ohtake no projeto “Jovens Emergentes” na comunidade de Heliópolis. Desde 2010 trabalha regularmente como educador de biblioteca pelo Instituto Acaia, onde exerce hoje a coordenação desta área. Gestor do Instituto Çarê em conjunto do coletivo @vozes_perifericas de 2019 a 2022. Contador de histórias em espaços de cultura (A Casa Tombada, Centro Cultural SP, Biblioteca Mário de Andrade, Itaú Cultural, Quintal da Cultura – TV Cultura, Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, Terça Afro, Bloco do Beco, Mostra Cooperifa de Artes entre outros) também promove oficinas que envolvam a palavra (como a oficina “Verdade ou Mentira” promovida nos SESCs Santos e Santana e Sarau “Você precisa saber o que se passa aqui dentro” no Sesc Jundiaí) e foi colaborador (júri em 2016) da revista Emília no projeto “Destaques da Revista Emília” de 2013 a 2018. Pré-Júri do prêmio Barco a Vapor da editora SM em 2020 e professor convidado da pós “Literatura para crianças e jovens” do ISE Vera Cruz. Curador, em conjunto com Emilie Andrade, do “Ciclo Palavras Mágicas”.
Dia 9 – Um “sim” para o sonhar: a biblioteca como direito e lugar de escuta
Com Bruno Souza
27/7, quinta-feira, das 19h30 às 21h30
Sobre o encontro: Certa vez, Bruninho Souza – como é chamado pela comunidade de leitores que o cercam – quando criança foi posto para fora da classe por ter sugerido ao professor que a fossem ver o processo natural de “erosão” na prática, já que a escola se localizava em uma área de proteção ambiental. Ele está em Parelheiros, bairro do extremo sul da cidade de São Paulo, que fica em uma região de mananciais e de áreas remanescentes de Mata Atlântica. Levou um castigo: ficar na biblioteca. De livro em livro, no entanto, chegou à Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, inaugurada, em 2009, pelo IBEAC – Instituto Brasileiro de Estudo e Apoio Comunitário, um coletivo onde jovens, por meio das práticas de mediação de leitura e visitas programadas a grandes livrarias e espaços culturais da cidade, descobrem novos mundos. A experiência coletiva levou Bruninho a cofundar o Núcleo de Jovens Políticos, que é um coletivo ocupado em refletir sobre políticas públicas voltadas para a periferia, através da articulação da juventude e ações na “quebrada” e o Encrespad@s, que promove uma educação antirracista nas escolas públicas e em espaços educacionais. É assim que Bruninho vem falar conosco sobre democracia, liberdade e direitos humanos a partir da coisa incrível que um livro pode ser.
Sobre o convidado: Bruno Souza Araujo, 28 anos, Bruninho, como prefere ser chamado, atua na área social na região de Parelheiros e Jardim ngela, em São Paulo. Pedagogo, possui formação em direitos humanos pelo o Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC) e também integra a rede de Jovens Transformadores pela Democracia da Ashoka, trabalha junto aos jovens para promover o sentimento de protagonismo e liderança. co-fundador do coletivo Encrespad@s que atua com formação de professores e jovens para disseminar uma educação antirracista.
Na Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, onde atua, tem como objetivo promover o acesso à leitura literária por meio de ações que incentivem a formação crítica dos leitores, utilizando diversas formas de linguagens sociais e culturais.
Dia 10 – As leis e os livros: as políticas públicas para a educação literária ontem e hoje
Com José Castilho
28/7, sexta-feira, das 19h30 às 21h30
Sobre o encontro: Não há como falar de políticas públicas em livro e leitura sem mencionar o trabalho do editor e escritor José Castilho Marques Neto. Entre outros projetos, Castilho é responsável por ter encaminhado a redação final da criação da Política Nacional de Leitura e Escrita (PNLE), hoje inclusive apelidada de “Lei Castilho”. A lei estabelece estratégias que devem contribuir para a universalização do direito ao acesso ao livro, à leitura, à escrita, à literatura e às bibliotecas, e foi confeccionada a partir de diversas audiências públicas ao longo de muitos anos. No entanto, com tudo que o país viveu de retrocesso no âmbito da educação e cultura nos últimos anos, a lei ainda não foi implementada de fato mas, com a mudança de rumos e a volta do Ministério da Cultura, novos passos estão sendo dados. Por que precisamos de uma política que tenha uma visão sistêmica articulando as esferas federais, estaduais e municipais para defender o livro, a leitura e a literatura em um país como o Brasil? É isso que Castilho trará para a nossa conversa no ciclo.
Sobre o convidado: José Castilho possui graduação e doutorado em Filosofia pela USP. Atualmente é professor assistente doutor aposentado da UNESP-Araraquara. Dirigiu a Biblioteca Pública Mário de Andrade, São Paulo (2002/2005). Presidiu em vários mandatos entidades e instituições do livro e da leitura como a Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU) e a Asociación de Editoriales Universitarias de América Latina y el Caribe (EULAC). Foi membro titular da Comissão Nacional do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, órgão da CPLP (2014). Foi Secretário Executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura, vinculado aos Ministérios da Cultura e da Educação (períodos: agosto/2006-março/2011 e junho/2013-maio/2016), cargo Pro Bono. Atualmente é consultor internacional, pesquisador, conferencista e autor na área de livro, leitura e bibliotecas na empresa JCastilho – Gestão&Projetos, em São Paulo-SP.
Dia 11 – Histórias pretas nos acervos literários para as infâncias e para o imaginário social
Com Heloisa Pires Lima
29/7, sábado, das 9h às 11h
Sobre o encontro: As conversas com a vovó anunciam, ou renunciam visões sobre novas gerações. Afinal os discursos não só tem origens sócio-históricas, mas também dependem de contextos epistemológicos. Os acervos para as infâncias estariam fora disso por quê? Sobretudo na oferta da origem africana para o imaginário.
Sobre a convidada: Heloísa Pires Lima é antropóloga, mestra e doutora titulada pela USP. Caminha pelo setor editorial desde 1995. Escritora, editora e pesquisadora da área, tem como foco representações culturais e origem africana nos acervos disponibilizados para a infância e juventude. Como consultora, atua tanto na esfera pública, sobretudo MEC e SMEs, quanto privada (Canal Futura/Fund Roberto Marinho). Também Ongs nacionais e internacionais (Unesco, Ceert, Cenpec..). Na editora Melhoramentos é uma das coordenadoras do programa Brasil Plural. Autora, entre outros, do Histórias da Preta (Cia das letrinhas,1998), O espelho dourado (Peirópolis, 2003/Cintra, 2022), A semente que veio da África (Salamandra 2005), Benjamin, o filho da felicidade (FTD,2009), O pescador de histórias (Melhoramentos, 2018), O Rei Que Assobiava (Passarinho, 2022).
Dia 12 – Os saberes indígenas estão nas estantes: desafios da circulação dos livros e dos registros bibliográficos
Com Aline Franca
31/7, quarta-feira, das 19h30 às 21h30
Sobre o encontro: Aline Franca, bibliotecária e atuante na área da política pública da educação, vem estudando a representatividade da literatura indígena em nossas organizações bibliográficas. Mas não somente a respeito da quantidade e do direito da autoria indígena: mas em como ela é representada e referenciada. Os povos indígenas compartilham dos mesmos conceitos de “autoria” construídos em outras sociedades que criaram o livro? Aline vem expor suas pesquisas sobre a autoria das histórias em livros como fator elementar para a valorização e o respeito étnico e social, bem como para a legitimação da identidade cultural de um país. E como, com base nisso, ela idealizou e mantém a virtual Livraria Maracá como um espaço de existência e resistência da cultura indígena,
Sobre a convidada: bibliotecária e atual Coordenadora-Geral de Leitura e Bibliotecas no Ministério da Cultura (Brasil). Idealizadora da Livraria Maracá, a primeira livraria especializada em literatura indígena do Brasil. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade de São Paulo (USP). Possui Mestrado (2016) e Bacharelado (2011) em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Ciência da Informação, com ênfase em Biblioteconomia, atuando principalmente nos seguintes temas: etnoconhecimento, representação descritiva, autoria indígena, literatura indígena.
Dia 13 – Alinhavando o percurso: livro como corpo-território, como célula viva, como infinito.
Com Ananda Luz e Cristiane Rogerio
Sobre o encontro: Que Coisa Incrível É Um Livro mesmo. Depois de passarmos por tantas manifestações diferentes de nossos convidados a partir de diversas relações com o livro, que laços foram dados nos encontros? O que ficou como experiência individual e coletiva? O que precisamos continuar sonhando para esta área como garantia de direito humano a todas e todos os brasileiros? Ananda Luz e Cristiane Rogerio, curadoras deste ciclo de estudo, vão procurar entrelaçar os fios deixados nos encontros para cada um dos participantes.
Sobre as convidadas: Ananda Luz é coordenadora e professora da pós d’O Livro Para A Infância, na qual foi estudante e, hoje, compartilha suas pesquisas e leituras sobre as relações étnico-raciais e os livros para a infância. É doutoranda em Difusão do Conhecimento (DMMDC-UFBA/UNEB/IFBA), com a pesquisa Na Beira da Estrada: ser criança às margens da BR-101, onde pesquisa narrativas de crianças sobre seus modos de vida. É também pedagoga de formação e atuação, realiza curadoria de acervos literários. Na mesma A Casa Tombada, criou e coordena outro curso de pós-graduação: Educação e Relações Étnico-Raciais: investigação de cosmopercepções amefricanas. Cristiane Rogerio é mestra em Arte Educação, pelo Instituto de Artes da UNESP, onde narrou a criação, os caminhos e aprendizados na construção e exercício do curso de pós-graduação lato sensu O Livro para a Infância, na qual é coordenadora desde 2016 n’A Casa Tombada. Jornalista, atualmente é colunista da Revista Crescer (onde foi editora por 8 anos) e coordena a Lista dos 30 Melhores Livros Infantis do Ano, é também criadora do blog Esconderijos do Tempo e autora dos livros Carmela Caramelo (com André Neves, pela Editora Cortez) e Bebês do Brasil (com a Crescer, pela Editora Globo).
Quando
15 encontros online e ao vivo no Zoom
Aulas gravadas com acesso por três meses
Início – 17/07 a 01/08/23
Investimento
R$ 450,00 (dividido em 4 vezes no cartão)
Descontos:
10% para estudantes e ex-estudantes de cursos livres d’A Casa
15% para ex-estudantes de pós d’A Casa
20% para estudantes regularmente matriculados nos cursos de pós-graduações d’A Casa
Solicite o cupom por email: cursos@acasatombada.com