-
Uma bibliotecária escolar no século XXI
- Voltar
Documento
Metadados
Título
Uma bibliotecária escolar no século XXI
Autor
SCHMIDT, Gládis Maria
Colaborador
A Casa Tombada - O livro para infância
Descrição
O presente ensaio pretende refletir sobre o lugar das bibliotecas escolares e da leitura, num momento em que muitas instituições, públicas e particulares, duvidam do ensino contemporâneo. Para alguns críticos da área da educação, as instituições de ensino possuem currículos e metodologias que não mais atendem as novas gerações; consideram que as escolas atuam em espaços físicos ultrapassados, que as salas de aula possuem a mesma configuração do século XIX (disposição das carteiras uma atrás da outra), que os professores que apresentam formação acadêmica do século XX, por sua vez, possuem a missão de ensinar a alunos do século XXI. Os nativos digitais, ou os alunos zapping, conforme Harari (2015, p.38), são seres capazes de realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo, são seres conectados as novas tecnologias de comunicação, possuem acesso fácil a uma infinita gama de informações e, não estão mais dispostos a aceitar o professor como fonte única de conhecimento. Para eles, assistir aulas convencionais, em salas igualmente convencionais é tarefa entediante. Por isso, a disciplina formal para aprender não é eficiente em seu mundo. Em sintonia com esta mudança, o Professor de Filosofia da Educação, Jorge Larrosa, refere que “a biblioteca está desaparecendo como lugar de estudo e como lugar de leitura” (FRESQUET, 2017). Para ilustrar sintomaticamente esta mudança, relata, surpreso, que em um seminário sobre bibliotecas, os profissionais da área apresentavam seus projetos e atividades sem uma só imagem de alguém lendo; as bibliotecas eram exibidas, quase única e exclusivamente como palcos de eventos. Em resposta às mudanças tecnológicas, novas políticas e inovações pedagógicas e estruturais têm sido sugeridas pelas chamadas escolas visionárias. Segundo esta visão, os gestores deste novo modelo de organização escolar precisam estar atentos à criação de novos currículos e novos espaços físicos, capazes de dialogar com metodologias inovadoras de ensino que, por sua vez, sejam capazes de incorporar novas mídias e proporcionar a conexão global. Toda essa escalada para a modernização se traduz na forma de escolas sem paredes, com configurações físicas nomeadas de maker, com metodologias baseadas em projetos, ativas, stem e com os olhos voltados para as startups. A inovação pedagógica aqui, no sentido preconizado, propõe que as ações educativas sejam de tal forma ricas, flexíveis e “atuais”. Quando se discute a necessidade de inovar em sala de aula para desenvolver com os estudantes as habilidades que eles vão precisar no futuro, a biblioteca é negligenciada em favor da inovação. O destaque nas propostas pedagógicas é para o aparato tecnológico, não o cuidado com a leitura, com o livro e com a pesquisa escolar. Inerente a esta mudança, cabe perguntar-se se a competência informacional dos alunos é adequada. Será mesmo, que essa geração, sabe se utilizar das novas mídias de forma apropriada? Qual a qualidade de análise e leitura para realização de suas tarefas? Bibliotecas, assim como a educação em geral, precisam acompanhar as mudanças de hábito e comportamentos da sociedade. Pessoalmente, ao longo destes 11 anos de trabalho numa biblioteca escolar, tenho constatado que seus usuários professores, funcionários, pais e, pricipalmente, alunos- tornam-se mais críticos, livres e independentes. Nas linhas a seguir, vou relatar como reformulamos a biblioteca atual a partir do espaço como estaba em 2008. Depois, relato como é a rotina atual da biblioteca e, por último, coloco uma reflexão sobre a dificuldade dos usuários em alcançar uma formação profunda e crítica numa escola desprovida do medelo de biblioteca descrita.
Data
2019
Idioma
Bibliografia
FRESQUET, Adriana. Abecedário de educação com Jorge Larrosa Bondíe. CINEAD LECAN. Yotube. 10 jul. 2017. 1h 10min 26s. Disponível . Acesso em 06 mar. 2019. HARARI, Yuval Noah. Uma breve história da humanidade – Sapiens. Porto Alegre: L&PM, 2015. KAKUTANI, Michiko. A morte da verdade. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018. LARROSA, J. Elogio da escola. Belo Horizonte: Autêntica, 2017. LARROSA, J. Tremores: escritos sobre experiência. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. MACHADO, Ana Maria Netto. Toc! Toc! Toc! Eu quero entrar!: conhecimento e reconhecimento de egressos do stricto sensu e transformação social. - Florianópolis: DIOESC, 2012. MILANESI, Luís A. O que é biblioteca escolar. São Paulo: Brasiliense, 1986. PETIT, M. Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva. São Paulo: 34, 2008. 192p SIBILIA, Paula. Redes ou paredes: a escola em tempos de dispersão. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. SILVA, Carvalho. Perspectivas históricas da biblioteca escolar no Brasil: análise da Lei 12.244/10 que dispõe sobre a universalização das bibliotecas escolares. Disponível em: Acessado em: 11/10/2017. WOLF, Maryanne. O cérebro no mundo digital: os desaios da leitura na nossa era. São Paulo: Contexto, 2019. ZAID, Gabriel. Livros demais!: sobre, ler escrever e publicar. São Paulo: Summus, 2004.
Editor
Editado por Fernando