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Sociologia da infância: pesquisa com crianças.
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Metadados
Título
Sociologia da infância: pesquisa com crianças.
Autor
DELGADO, Ana Cristina Coll MÜLLER, Fernanda
Descrição
O campo da sociologia da infância tem ocupado um espaço significativo no cenário internacional, por propor o importante desafio teórico-metodológico de considerar as crianças atores sociais plenos. Falar das crianças como atores sociais é algo decorrente de um debate acerca dos conceitos de socialização no campo da sociologia. Corsaro (1997, p. 18) afirma que a perspectiva sociológica deve considerar não só as adaptações e internalizações dos processos de socialização, mas também os processos de apropriação, reinvenção e reprodução realizados pelas crianças. Essa visão de socialização considera a importância do coletivo: como as crianças negociam, compartilham e criam culturas com os adultos e com seus pares. Isso significa negar o conceito de criança como receptáculo passivo das doutrinas dos adultos (James & Prout, 1997). Prout (2004, p. 3-4) sustenta a idéia de que o encontro entre a sociologia e a infância é marcado pela modernidade tardia e assim a sociologia da infância encontra-se perante uma dupla missão: criar espaço para a infância no discurso sociológico e confrontar a complexidade e ambigüidade da infância na qualidade de fenômeno contemporâneo e instável. Ele aponta, portanto, dois dualismos do campo. Estrutura e ação: a fundamentação da sociologia da infância baseada na idéia de que a infância é uma construção social abandona o reducionismo biológico, substituindo-o pelo reducionismo sociológico, o que o autor compreende como algo problemático. Ser e devir: o caráter inacabado da vida dos adultos é tão evidente quanto o das crianças. Assim, as crianças e os adultos devem ser vistos como uma multiplicidade de seres em formação, incompletos e dependentes, e é preciso superar o mito da pessoa autônoma e independente, como se fosse possível não pertencermos a uma complexa teia de interdependências.
Fonte
Educ. Soc., Campinas, vol. 26, n. 91, p. 351-360, Maio/Ago. 2005 Disponível em
Idioma
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Editor
Editado por: Fernando