Este artigo procura resgatar o procedimento grimmniano1 de registro de histórias do passado, não como recolha da oralidade, base do trabalho dos autores consagrados, mas como exercício de preservação da memória familiar de vida na Saldonha, aldeia em Trás-os-Montes, Portugal, local de nascimento do ramo materno da família. O ponto de partida é a identificação do locus LAREIRA/LAR como o lugar físico/poético onde meus avós, minha mãe e minha tia se reuniam para contar histórias e construir subjetividades. Também é o lugar onde havia o resgate das histórias mencionadas na crônica familiar e inscreve-se no esforço de preservação da memória de caráter popular e do enaltecimento do espaço feminino na experiência humana.