Descrição
Originado do latim, um idioma tão antigo que pode ser considerado um reduto, um abrigo do sagrado - “Et in corde verborum” – em cujo significado “no coração das palavras” reside o título deste artigo, que tem por objetivo tecer reflexões sobre experiências e sensações que, do coração das palavras, geraram manifestações de sentimentos “à flor da pele” advindos da prática na Arte de Contar Histórias. Analisamos alguns relatos de cunho pessoal, tanto como contadora quanto como espectadora, trazendo à tona situações de corpos afetados pela sutilização dos limites, supostamente existentes, entre o narrador, a narração e o espectador. Algumas questões foram despertadas no intuito de amparar as observações: seria possível o narrador, além do espectador, ser afetado pela própria narração? Por outro lado, até que ponto pode ser o espectador considerado só um passivo par de ouvidos enquanto ocorre o espetáculo da narração? Ao analisarmos os diferentes ângulos dessas questões dialogamos com os trabalhos de neurocientistas como Araújo e Sequeira, de pesquisadores e de outros estudiosos da neurociência. Fomos buscar esclarecimento em autores como Rancière, Larrosa e em organizadores como Tierno e Erdtmann. Nota-se uma nítida aproximação dos aspectos questionados com as análises lastreadas nos autores informados. Porém, ainda que afetado, não há como determinar de fato até que ponto o narrador pode ser influenciado pelo sua própria narração. No entanto, por outro lado Rancière acredita que a emancipação do espectador já é um fato. Por fim, relembrando Larrosa, conclui-se que a experiência que nos passa, que nos toca, que nos acontece é aquela que prevalece à flor da pele. No caso de um contador de histórias, tem origem no coração das palavras afetadas pela interação com o espectador e misturadas a narração. ET IN CORDE VERBORUM