Descrição
O presente trabalho concentrou-se em uma pesquisa sobre a memória e a literatura para a infância. Partimos da hipótese de que o livro pode ser visto como um objeto que pode despertar lembranças e trazer a reflexão sobre o funcionamento da memória enquanto parte do nosso inconsciente e no contexto de nossas relações humanas, individuais e coletivas. Tal pesquisa fundamentou-se na leitura, elaboração e registros de memórias, escutas e conteúdos relacionados com as lembranças de infância e as relações que mantive com livros que me afetaram, enquanto leitora individual e como parte de um grupo leitor. Através da uma curadoria que perpassa por este recorte e da elaboração de livros que aqui chamamos ""livros relicários"", assim percebemos o objeto livro como um eixo-extensão de memórias, que tem materialidade, escrita, desenho, textura, peso, elasticidade e, assim como a própria memória, é composto por fragmentos únicos, que podem ser vistos, lidos, entendidos ou não. Constatamos que algumas memórias dependem de outras e, em suas transparências, são somadas e formam um novo todo, repleto e único. Aí questionamos, será a memória individual ou coletiva? Será a casca da laranja uma metáfora para a união entre o que somos, o que fomos e o que seremos, nas relações com o outro? Ou o encontro com nós mesmos? Ou será uma volta à infância e às relações humanas com os mais velhos, presentes nestas recordações?