Sobre o curso
O desejo deste percurso é escavar as ruínas da nossa própria história de vida através de fotografias, e então, acordar memórias adormecidas em camadas mais profundas para lhes aferir voz. Retratos são registros fixos no tempo e, vasculha-los é tanto encontrar recordações como lacunas de nossa história. Nesta arqueologia, cada pedaço recolhido de história de vida servirá para saudar nossa ancestralidade e também preencher frestas do esquecimento através da reinvenção de si. Assim criaremos um exercício poético com nossa história anunciando uma arqueofotologia num rito celebrativo de recontar o que foi vivido. Uma imagem fotográfica acontece através da ação de uma energia radiante exposta à luz, assim também nossas memórias serão ‘re-veladas’, expostas à luz de nossa criação em busca de um encantamento de mundo.
Neste percurso encontraremos com professores convidados que nos provocarão com suas pesquisas sobre um corpo memória e as possíveis articulações com o fazer artístico. E estaremos acompanhados por Bianca Turner, Bruno Simões e Luís Rufino.
Programação
Encontro 1 (14/10): O Corpo memória
Abertura do percurso a partir do conto-invenção “Rito de fabulação do território-corpo Brasil”. Revendo imagens fotográficas e atribuindo movimento ao passado.
Encontro 2 (21/10): Memória das águas
As camadas da água: recordar, lavar e limpar registros do tempo até encontrar a poesia nos fundos rios. Neste encontro partimos da perspectiva que uma história é composta por camadas sobrepostas no tempo e vamos em busca de dar voz ao que não foi dito.
Filmografia:
O botão de pérola, de Patrício Guzmán, 2015. https://vimeo.com/241353044
Bibliografia:
Gagnebin, Jeanne-Marie. Verdade, memória e passado. In: Escrever, Lembrar, Esquecer. Editora: 34, 2006.
Encontro 3 (28/10): Encantamento – sobre política de vida
Ailton Krenak (2020) nos diz: vida é transcendência, está para além do dicionário, não tem uma definição (p.29). Como inscrever a vida como potência em meio a ofensivas de esquecimento? Nesse encontro buscaremos no que Rufino e Simas (2020) chamam de política de vida, que são tecnologias ancestrais e modos de conexão que alargam o presente e nos lançam em possibilidades de tramar outros rumos, maneiras de responder essa questão. Para isso partiremos da seguinte sentença, o contrário da vida não é a morte, o contrário da vida é o desencante (Rufino e Simas, 2019).
Com Luís Rufino
Bibliografia:
KRENAK, Ailton. A vida não é útil. 1º ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
RUFINO, Luiz e SIMAS, Luiz Antonio. Flecha no Tempo. 1º ed.- Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019.
_______. Encantamento: sobre política de vida. 1º ed- Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2020.
Encontro 4 (04/11): A grafia da voz
O corpo que narra: uma possível construção de uma grafia liberta da voz ou, paz só é possível com palavra. O encontro da ética com a estética para a produção de uma voz coletiva.
Bibliografia:
Cavarero, Adriana. A voz da alma. In: Vozes Plurais: filosofia da expressão vocal. UFMG, 2011.
Filmografia: “As hiper mulheres”, de Carlos Fausto, Leonardo Sette. Takumá Kuikuro, 2012. https://ayalaboratorio.com/2018/08/17/as-hiper-mulheres/
Encontro 5: (11/11): Os espelhos enterrados
Os espelhos enterrados: da memória larga que somos individual e coletivamente, muitas são as memorias do mundo que nos habita e se tecem em nós. Muitas delas como espelhos enterrados de nós mesmo, histórias ancestrais, antigas e também presentes/ausentes, muitas vezes pedindo reconhecimento. Somos diversas imagens em múltiplos espelhos
Com Bruno Simões
Bibliografia:
Carpentier, Alejo. El reino de este mundo. Martins Fontes: 2009.
Simões, Bruno. A dupla consciência Latino Americana. Revista de Psicologia Política, 2016.
Filmografia:
La peste del insomnio, de Leonardo Aranguibel, 2020
https://www.youtube.com/watch?v=unavYbe3Yu8&t=49s
Encontro 6 (18/11): Escrever para narrar
As fotografias de família como matéria para a invenção de uma mito-poética pessoal. Acordar não é de dentro, acordar é ter saídas ou, a fixação do eu X a ficção do eu.
Bibliografia:
Couto, Mia. Um lençol de amores; As primeiras cartas. In: Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. Companhia das Letras, 2003.
Filmografia:
Ulysses, de Agnès Varda, 1982 https://vimeo.com/407121105#more_info
Encontro 7 (25/11): Ritual de passagem e a atualização dos mitos
Somos aquilo que narramos: o rito incorpora e “excorpora” o mito. Os ritos de passagem celebram histórias e atualizam os mitos no tempo. O corpo do rito.
Filmografia:
Danças brasileiras: Maracatu rural. Instituto Brincante, 2000. https://www.youtube.com/watch?v=o1kBMrHgCrE
Personagens do cavalo-marinho. Lunário Perpétuo, de António Nóbrega, 2000. https://www.youtube.com/watch?v=iqzvynCZvnQ
Reisado de Boa Hora Piauí, Matheus Carvalho. https://www.youtube.com/watch?v=9gnw3vo
Ritos de Passagem, de Angela Pappiani e Silvio Cordeiro, 2005. https://www.youtube.com/watch?v=KSAS3V4YxZo&feature=youtu.be
Encontro 8 (02/12): Corpo como território
Encorporar-se como vazão poética para histórias individuais e coletivas. Será apresentado o trabalho das artistas Lola Arias, Rosana Paulino e Cecília Vicuna, focando na sobreposição de camadas históricas e culturais, no corpo como território e como dispositivo de memória.
Com Bianca Turner
Filmografia:
Lola Airas: https://vimeo.com/155732707
Rosana Paulino : https://vimeo.com/111885499
Cecília Vicuna : https://www.youtube.com/watch?
Encontro 9 (09/12) – Os cruzos-poemas
Continuando o foco na sobreposição de camadas históricas e culturais, o corpo como território e como dispositivo de memória, falaremos da artista Bouchra Khalili e abriremos para indagações artísticas e “provocações” para o desenvolvimento dos “cruzo-poemas”.
Com Bianca Turner
Filmografia:
www.youtube.com/watch?v=u_QxXnh23kE
Bibliografia:
The Mapping Journey Project de Bouchra Khalili: fazendo mapas falarem. Revista Arte e Ensaios
Encontro 10 (16/12): O Rito de passagem das fotografias
Troca dos ritos de passagens das fotografias (exercícios poéticos) entre os participantes do percurso. E então a vida é surpreendida pelo encantamento da reinvenção.
Quem são os professores

Sandra Lessa mestra em Artes da Cena pelo Programa de pós-graduação do Instituto de Artes da Unicamp, onde desenvolveu a pesquisa “O Narrador está em quem ouve: o estudo de histórias de vida no trabalho do ator-performer” (NEA Edições Acadêmicas: 2015). Sua pesquisa percorre o caminho da escuta, escrita e narração biográfica, acolhendo as ficções que residem nas memórias pessoais. Trabalha com Instituto Museu da Pessoa e Associação Arte Despertar. Escreveu o livro “O Farol das Ilhas: histórias de vida para além de um hospital” – memórias de pacientes do Hospital das Clínicas de São Paulo (Arte Despertar: 2009). Organizou os livros “E Era Tudo Verdade: coletânea de histórias de vida” (Biblioteca Hans Christian Andersen: 2016) e “Narradores de Vida” (Museu da Pessoa: 2017). Como artista percorreu o Brasil, Europa, América Latina e México, pesquisando e atuando com a escuta poética para o encontro com o outro.

Bianca Turner é artista multimídia, bacharel em Design e Prática de Performance na Central Saint Martins College of Art & Design (2011, Londres, Reino Unido) e Master of Arts em Cenografia pela Royal Central School of Speech and Drama (2013, Londres, Reino Unido). Faz instalações, ações e intervenções audiovisuais, desenvolve vídeo projeção e vídeo mapping para teatro, performance, música e dança, sempre inspirada pela subjetividade da memória e do atemporal. Explora a documentação do efêmero, o imaterial de um objeto ou um lugar; o invisível, o subjetivo e o indizível.

Bruno Simões Gonçalves – Psicólogo, trabalha com movimentos em luta por terra, povos indígenas e tradicionais. É pós-doutor em psicologia da descolonização e membro da comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de psicologia de São Paulo. Atualmente está realizando pós-doutorado no Instituto de Psicologia da universidade de São Paulo (USP).

Luiz Rufino é professor da UERJ-FEBF vinculado ao Departamento de Ciências e Fundamentos da Educação, doutor em Educação (UERJ/Proped), pós-doutorado em Relações Étnico-Raciais (CEFET/PPRER). Escritor dos livros “Pedagogia das Encruzilhadas” (Mórula: 2019), “Fogo no Mato: a ciência encantada das macumbas” (Mórula: 2018); Flecha no Tempo (Mórula: 2019).
Quando
Dias 14, 21 e 28/10; 04, 11, 18 e 25/11; 02, 09 e 16/12 (às quartas-feiras)
Horário das 19h às 21h
Todos os encontros são gravados, portanto é possível fazer a inscrição após o início do curso e ter acesso ao conteúdo anterior
Onde
Online
As informações de acesso serão disponibilizadas por e-mail.
Público
Geral
Turma
30 pessoas
Investimento
R$ 400,00
PagSeguro
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