Sobre o curso
Qual imagem de Brasil foi historicamente produzida pelos discursos hegemônicos nacionais? Em que medida nos reconhecemos nessa imagem e/ou a temos como referencial de nossas próprias imagens?
Tendo como dispositivo inicial referências teóricas e produções artísticas de autoria negra e indígena, bem como a exposição dos itinerários artísticos dos ministrantes, o curso propõe uma reflexão acerca do caráter excludente da constituição do Brasil enquanto nação. Num movimento de ginga constante, história coletiva e trajetórias individuais são vinculadas por meio de proposições que convidam os/as participantes a investigarem, de muitas formas, seus próprios pertencimentos em face a esse território.
Os conteúdos resultantes dessa investigação são assim mobilizados enquanto substrato dos processos ficcionais de (re)criação imagens de si, exercício que compreendemos e nomeamos como “autocriação”. Essa jornada, de caráter crítico-reflexivo, subjetivo e imaginativo tem a produção e apresentação de “mapas genealógicos” como produto síntese das experimentações do sensível ancoradas, por sua vez, em práticas de escrita literária, artes visuais e sonora. Constituirão o nosso espaço criativo, portanto, os campos da escrita de si, sonologia, etnomusicologia, fotografia, desenho e bricolagem.
*O mapa genealógico é uma peça criada pela professora Fabiana Carneiro da Silva e em sua factura aciona recursos das várias linguagens artísticas, em especial, da literatura, da música e artes visuais.
Programa do curso
Encontro 1 (05/07): Apresentações de si e do curso. O projeto Brasil: colonialidade e transfigurações artísticas.
Encontro 2 (06/07): Imagens de si e do outro: investigações genealógicas.
Encontro 3 (07/07): Autocriação: confecção dos mapas genealógicos
Encontro 4 (08/07): Autocriação: mostra artística final e considerações crítico-reflexivas.
Referências bibliográficas:
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CANCLINI, Nestor. Culturas Híbridas. Estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EDUSP, 1998
DAS MERCÊS, Calila. Notas de um interior circundante e outros afetos. Brasília: Padê Editorial, 2019.
DELEUZE, Gilles e GUATTARI, F. Mil Platôs . Capitalismo e Esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995-1997.
EVARISTO, Conceição. Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. In: ALEXANDRE, Marcos Antonio (Org.). Representações performáticas Brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces . Belo Horizonte: Mazza, 2007, pp. 16-21.
EVARISTO, Conceição. Literatura negra: uma voz quilombola na literatura brasileira. In: PEREIRA, Edimilson de Almeida (Org.). Um tigre na floresta de signos: estudos sobre poesia e demandas sociais no Brasil . Belo Horizonte: Mazza Edições, 2010, pp. 132-142.
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GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro – Ed. Guanabara, 1989.
GLISSANT, Édouard. Poética da Relação. Tradução Marcela Vieira, Eduardo Jorge de Oliveira. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.
GONÇALVES, Ana Maria. “Uma ficção à procura de suas metáforas”. Suplemento Pernambuco, Recife, n.132, fev. 2017.
HARTMAN, Saidiya. Em perder a mãe: uma jornada pela rota atlântica da escravidão. Tradução José Luiz Pereira da Costa. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.
KLINGLER, Diana. Escritas de si, escritas do outro: o retorno do autor e a virada etnográfica. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016.
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Trad. Marta lança. Lisboa: Antígona, 2014.
NASCIMENTO, Beatriz. Eu sou Atlântica. São Paulo: Imprensa Nacional, 2006.
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_______________________. “Poéticas do pertencimento: terra e autocriação na literatura negro-brasileira contemporânea”. Artigo no prelo.
Sobre a professora e o professor
Fabiana Carneiro da Silva é neta de Amada e de Quitéria, filha de Lourdes, mãe de Imani e de Yeté. Oleira da palavra-corpo. Tece um caminho que alinhava docência, pesquisa e ações artísticas no campo dos saberes contra-hegemônicos, sobretudo a partir do eixo constituído por literatura, corpo e experiência comunitária. Doutora e mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP), atua como professora adjunta no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Autora do livro Ominíbú: maternidade negra em Um defeito de cor (EDUFBA,2019).
Zé Balbino aka ZEBB é DJ e produtor musical, e, a partir de uma formação transdisciplinar, transita também em áreas como videoarte e interatividade. Atuante na música experimental baiana, participou de projetos como o “Novas Escutas” na Universidade Federal da Bahia, e o Odoyá Experience, no Lalá Casa de Arte. Também participou de festivais importantes da cena experimental baiana como o CMC Ciclo de Música Contemporânea. Zé Balbino é mestre em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia e Doutorando em Etnomusicologia pela Universidade Federal da Paraíba, onde tem se dedicado a investigar as relações entre música eletrônica e as culturas tradicionais brasileiras na produção de um fenômeno que vem chamando até agora de Subgrave Nordestino.
Quando
Dias 5, 6, 7 e 8 de julho
das 19h30 às 21h30
Onde
Online
Todos os cursos online d’A Casa Tombada são realizados em nossa plataforma de estudo digital e podem ser acessados por três meses após o término do curso.
O acesso à plataforma será disponibilizado por e-mail.
Investimento
R$ 250,00
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